Pecados capitais de pecuaristas brasileiros Publicado 24/02/2014

Primeiro: pensar que sinônimo de fazenda pecuária de sucesso é fazenda com muito gado. Isto só é verdade se há pasto cobrindo a canela dos animais. Antes o gado e depois o pasto é um dos pecados mais comuns.

Segundo: não planejar a alimentação do rebanho. No sul do Brasil, por exemplo, não é incomum vermos fazendas com sobra de comida no verão e falta de comida no inverno.

Terceiro: acreditar que gado caro é sinônimo de sucesso. De nada adianta comprarr um gado de ótima procedência e colocá-lo em uma fazenda sem uma boa infraestrutura de alimentação e de manejo;

Quarto: criar gado a céu aberto achando que a arborização toma espaço da pastagem. A arborização diminui o gasto energético dos animais e aumenta, por consequência, a produção de carne ou leite. Além disso, permite ao pecuarista ter mais uma fonte de renda a partir da madeira produzida na propriedade.

Quinto: pensar mais no calcário, no adubo que na semente de qualidade. Normalmente, o pecuarista gasta muito dinheiro com correção de solo e adubo e quando chega a hora de comprar a semente, por falta de capital, opta por uma semente mais barata e de menor qualidade.

Sexto: falta de planejamento na adubação das pastagens. Os erros mais comuns são: a) falta de análise do solo; b) análise de forma incorreta (épocas; profundidades de amostragem; número de amostras) ou incompleta (não indicação de textura, por exemplo); aplicação excessiva ou insuficiente de corretivos e fertilizantes; demora na recuperação de pastos elevando, com isto, o custo de recuperação; uso de taxas de lotação inadequadas levando a superpastejo ou subpastejo;

Sétimo: olhar para a tabela e não para o pasto. Um grande erro dos pecuaristas que utilizam o pastejo rotacionado é o uso de data fixa de entrada e saída dos animais. É necessário respeitar o calendário da planta e por isto cada forrageira tem seu tempo e este deve ser considerado mais importante que datas fixas.

Oitavo: cuidar mais do manejo que do acompanhamento de custos. É importantíssimo o aprimoramento da técnica, mas tão ou mais importante é ter ao menos um fluxo de caixa, anotando todas as entradas e saídas. Só assim, é possível fazer comparações e saber se está sendo eficiente. Isto também evita a repetição de erros.

Nono: ter vacas com um bezerro no pé e outro na barriga. O pecuarista moderno jamais poderá deixar suas vacas com bezerros para desmame natural. Infelizmente, não é incomum essa prática em nosso país.

Décimo: contentar-se com a expectativa de que fazenda pecuária é diferente de fazenda agrícola e, portanto tem sempre menor lucro.  Isto tem que ser erradicado. O pecuarista moderno deve tratar sua fazenda como se fosse uma fazenda produtora de grãos e, portanto, investir em tecnologia, genética, pessoal etc. Ela terá, inclusive, que ser rastreável.

/1 Engenheiro Agrônomo; CREA 1742 D; Pesquisador Aposentado da Embrapa; Diretor Geral da MCA – Medrado e Consultores Agroflorestais Associados Ltda.; Doutor em Agricultura; Especialista em Planejamento Agrícola e Sistemas Agroflorestais; Com curso em nível de especialização em Manejo de Agroecossistemas.

Autor: Moacir José Sales Medrado/1

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