A arborização de pastagens é uma forma de uso das terras também conhecida por sistema silvipastoril. O termo Silvipastoril surge da combinação das palavras silvi (que significa “aquilo que é relativo ou oriundo da selva, da mata, da floresta”) e pastoril (que relaciona atitudes próprias do criador de gado em condições de campo, independente da espécie animal (normalmente refere-se ao ato de criar/cuidar animais domesticados em campos naturais ou plantados com espécies vegetais forrageiras).
Sistema Silvipastoril é a combinação intencional de árvores, pastagem e gado numa mesma área e ao mesmo tempo, e manejados de forma integrada. É uma alternativa para incorporar a produção de madeira ao empreendimento pecuário, reunindo as vantagens econômicas que cada um tem em separado, ou seja, o rápido retorno da atividade pecuária e as características favoráveis do mercado de produtos florestais madeireiros.
Ao considerar a introdução/administração de um sistema silvipastoril na propriedade rural, o pecuarista deve: 1) entender os benefícios associados com as práticas silvipastoris; 2)planejar bem a implantação das árvores e considerar os objetivos atuais e futuros com o sistema; e 3)examinar os aspectos fundamentais de manejo necessários para um sistema silvipastoril próspero e lucrativo.
Benefícios do sistema silvipastoril
Em Sistemas Silvipastoris a produção animal é beneficiada pela melhoria das condições ambientais (proteção contra geadas, ventos frios, granizo, tempestades, altas temperaturas...).
A criação de animais ao ar livre, em uma pastagem adequadamente arborizada é capaz de contribuir para o seqüestro de carbono, para menor emissão de óxido nitroso (N2O) e para a mitigação da emissão de gás metano (CH4) pelos ruminantes. Todos esses gases são componentes importantes no aquecimento da atmosfera global (o chamado “efeito estufa”). Assim, é possível se pensar no “boi verde” e no “leite verde”, conceitos ligados às condições ambientais em que os animais são criados.
Essas condições permitem excelente oportunidade de marketing da forma de produção, do produto e de seus derivados, atendendo a uma tendência mundial: a dos produtos ambientalmente adequados, socialmente benéficos e economicamente viáveis.
Planejamento para o plantio das árvores na pastagem
A distribuição adequada das árvores na pastagem é muito importante para o sucesso do sistema silvipastoril. Para decidir sobre o melhor arranjo do sistema é importante responder primeiro as seguintes perguntas:
A finalidade da madeira produzida em sistema silvipastoril
Se o interesse for produzir madeira grossa para serraria ou laminação será necessário conduzir as árvores em espaçamentos maiores, por ocorrer mortes de árvores ao longo do tempo, o plantio deverá ser planejado para alcançar a maturidade com árvores adultas ocupando pelo menos 50 m2 cada uma. Isso dará, no corte final, algo entre 100 a 200 árvores/ha.
Para a finalidade de produzir madeira para lenha, carvão ou palanques de cerca, pode-se utilizar de espaçamentos menores entre árvores, de forma a conseguir um maior número de árvores e, portanto maior volume de madeira em pouco tempo.
É possível também produzir madeira fina e madeira grossa por meio de plantios menos espaçados e que serão desbastados, numa fase intermediária, colhendo madeira fina; e, conduzindo as árvores restantes por mais tempo para a produção de madeira de serraria e laminação.
Para a finalidade de produzir madeira para lenha, carvão ou palanques de cerca, pode-se utilizar de espaçamentos menores entre árvores, de forma a conseguir um maior número de árvores e, portanto maior volume de madeira em pouco tempo.
É possível também produzir madeira fina e madeira grossa por meio de plantios menos espaçados e que serão desbastados, numa fase intermediária, colhendo madeira fina; e, conduzindo as árvores restantes por mais tempo para a produção de madeira de serraria e laminação.
A Tabela 1 exemplifica como podem ser conduzidas as árvores plantadas em diferentes espaçamentos e densidades para obtenção de madeira com diferentes finalidades, e, portanto, para alcançar diferentes mercados. Os diferentes arranjos podem ser plantados menos espaçados e conduzidos por desbastes, produzindo madeiras para diferentes finalidades (madeira fina nos primeiros anos do sistema silvipastoril e madeira grossa nos anos finais da rotação).
Tabela 1 – Exemplo de plantios em diferentes espaçamentos e quantidades de árvores por hectare.
Arranjo espacial (espaçamento)
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Finalidade da Madeira
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Madeira Fina (carvão, lenha, palanques de cerca)
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Madeira Grossa (serraria e laminação)
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Espaçamento (m)
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nº árvores/ha
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Área ocupada pela faixa de árvores (%)
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Espaçamento
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nº árvores/ha
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Área ocupada pela faixa de árvores (%)
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Faixa de árvores em Linha simples
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14 x 2
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357
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14,3
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14 x 4
ou 28 x 4 |
179
ou 89 |
14,3
ou 7,1 |
Faixa de árvores em Linha dupla
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14 x 2 x 3
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417
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25
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18 x 3
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185
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11,1
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Faixa de árvores em Linha tripla
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14 x 3 x 1,5
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1.000
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40
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20 x 3
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167
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10
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Nota: não estão consideradas possíveis mortes de árvores ao longo do tempo. Baixe da internethttp://www.cnpf.embrapa.br/pesquisa/safs/saber.htm a planilha eletrônica para cálculo de árvores por hectare em função do arranjo espacial.
Outros arranjos espaciais podem ser utilizados, mas será sempre importante lembrar que no plantio em espaçamentos menores os desbastes deverão ser feitos mais cedo para não comprometer o desenvolvimento da pastagem.
A conservação do solo e da água
O sistema silvipastoril deve, assim como qualquer outro sistema de produção agropecuário, levar em consideração a conservação do solo e da água. Portanto a distribuição das faixas de plantio das árvores deverá ser em curvas de nível que é uma forma eficiente de impedir a erosão do solo e a perda de água por escorrimento superficial.
Para evitar o inconveniente das curvas de nível que se aproximam ou se afastam dependendo da declividade do terreno, utiliza-se o conceito de “linha-mestre” que favorece o plantio em faixas paralelas, mantendo a mesma distância de uma linha de árvore para outra.
A orientação das linhas de plantio das árvores
Nas condições climáticas brasileiras, a preocupação com a orientação das árvores deve ser com a conservação do solo e da água e não com a luz para o crescimento da pastagem pelos seguintes aspectos:
Então, com as árvores plantadas em curvas de nível como ilustrado nas Figuras 1 e 2, verifica-se o seguinte:
Com as árvores plantadas na posição correta, não haverá dificuldades para a manutenção de terraços e a sua conservação será favorecida pela “ordenação” do caminhamento do gado sobre a crista (parte alta) e nas “costas” do terraço, como ilustra a Figura 3.
Autores:
Íntegra do artigo publicado na Revista JC Maschietto no 07, setembro/2009 Introdução